terça-feira, 8 de julho de 2008

A Verdadeira natureza do espaço e do tempo

Pense agora no seguinte: se não existisse nada, só o silêncio, ele não teria nenhum significado, porque você nem ia saber o que era aquilo. Só quando o som apareceu é que o silêncio passou a ter um sentido. Da mesma forma, se só existisse o espaço, sem nenhum objeto, ele também nada significaria para você. Imagine-se como um ponto de consciência flutuando na imensidão do espaço, sem nenhuma estrela, nenhuma galáxia, somente o vazio. O espaço não teria imensidão, ele nem estaria ali. Não haveria velocidade, nem movimento de um ponto para outro. São necessários ao menos dois pontos de referência para que a distância e velocidade possam ter um significado. O espaço só passa a ter um significado no momento em que a unidade se transforma em dois, e em que, como “dois”, se transforma em “dez mil coisas”, que é como Lao-Tsé chama o Mundo manifesto. É assim que o espaço se amplia cada vez mais. Portanto, o mundo e o espaço surgem no mesmo momento.

Nada poderia SER sem que houvesse o espaço, ainda que o espaço não seja nada. Mesmo antes que o mundo existisse, antes do Big-Bang se você preferir, não existia nenhum espaço vazio esperando para ser preenchido. Não existia nenhum espaço, assim como não existia coisa alguma. Só existia o Não Manifesto, a unidade. Quando a unidade se transformou em “dez mil coisas”, o espaço, de repente, mostrou que estava ali, permitindo que as dez mil coisas existissem. De onde ele terá surgido? Será que Deus o criou para acomodar o mundo? Claro que não. O espaço é coisa nenhuma, portanto ele nunca foi criado.

Saia de casa em uma noite clara e olhe para o céu. As milhares de estrelas que podemos ver a olho nu não passam de uma fração infinitesimal do que existe lá por cima. Os telescópios mais potentes já conseguem identificar um milhão de galáxias, cada uma formando um “mundo isolado”, contendo, cada um, bilhões e bilhões de estrelas. Ainda assim, o que inspira mais respeito é o próprio espaço sem fim, a profundidade e a quietude que possibilitam que toda essa grandeza exista. Nada poderia inspirar mais respeito e grandiosidade do que a inconcebível imensidão e quietude do espaço, e, ainda assim, o que ele é? Um vazio, um imenso vazio.

Aquilo que se apresenta para nós como espaço, no nosso mundo percebido através da mente e dos sentidos, é a forma exteriorizada do próprio não manifesto. (...) E o grande milagre é que essa quietude e imensidão que permitem o universo ser, não estão apenas lá no espaço, estão também dentro de nós. Quando estamos inteira e totalmente presentes, nós o encontramos como o espaço interior e sereno da mente vazia.


Eckhart Tolle – O poder do Agora

4 comentários:

Algumas coisinhas da Jéssica disse...

Quietude e imensidão! Também existem dentro de nós e são fundamentais para o nosso equilíbrio. Pena que às vezes esquecemos disso... Mas acho que o objetivo principal do autoconhecimento é expandir a nossa quietude e imensidão internas. E como tudo na vida, tem que ser praticado. Nesse momento da minha vida, estou em busca dessas duas coisas. Quero me expandir e me aquietar ao mesmo tempo, mas o meu silêncio está sendo preenchido por músicas. Lindas músicas que me fazem silenciar...

Neno disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Neno disse...

É difícil silenciar , assim como é difícil ter a percepção da nossa imensidão ...Mas quando paro pra pensar nessas coisas, sinto que posso fazer o que nunca pensei em fazer , e que por mais que eu tenha medo , existe uma força interna que me diz : " você consegue, você pode , você é capaz ".

É como se fosse andar de montanha russa pela primeira vez , com a impressão negativa de que algo ruim possa acontecer , e que no final , você vê que não é nada disso e percebe que sua mente cria tudo ... preciso tomar cuidado com minha mente , pois hora ela é minha parceira e solução para meus problemas, hora ela é o meu carrasco e fonte de todos meus problemas...

Marcel disse...

Nossa Neno, muito legal a metáfora da montanha russa e a sinceridade do texto.

Adorei.
Abraços