terça-feira, 8 de julho de 2008

Relatividade


Entender a realidade, tanto interna quanto externa, é uma premissa básica para a auto-transformação; não se modifica o que não se conhece. Perceber como as coisas funcionam por trás da nossa percepção rotineira nos dá referências para extrapolar esses funcionamentos para as áreas (até então) ocultas da nossa vida, e ajudar a entender as razões pelas quais coisas acontecem conosco e à nossa volta. Assim podemos ampliar nossa percepção de nós mesmos e do mundo.

Perceber que o Espaço e Tempo são coisas como quaisquer outras e podem ser manipuladas, distorcidas e até mesmo quebradas é o primeiro passo para a consciência do que é Onipresença e Eternidade.

Aqui segue um texto que escrevi há tempos para uma exposição sobre a Teoria da Relatividade de Einstein da forma mais simples que encontrei. Todo mundo já ouviu falar dela, mas ninguém sabe do que se trata direito, então, aqui vai:


"A maior parte das nossas experiências e observações cotidianas referem-se a corpos que se movem com velocidades muito menores que a velocidade da luz, de 300.000 km/s. Toda a mecânica newtoniana (aquela que a gente aprendeu na escola), que se desenvolveu a partir da nossa noção intuitiva de espaço e tempo, funciona muito bem para corpos se movimentando a baixas velocidades. Mas essa é uma visão restrita da realidade, um caso particular de uma regra geral, que foi descoberta por Einstein aos 26 anos de idade.


Com o passar dos anos, e com o avanço tecnológico, a ciência acabou esbarrando com uma situação muito particular que parecia não ter solução. Montou-se uma aparelhagem que consistia de duas placas metálicas separadas por certa distância no vácuo, cada uma carregada eletricamente de forma a atrair para uma das placas qualquer partícula subatômica localizada entre elas que possuísse carga elétrica. A lei que regula a velocidade de uma partícula imersa num campo elétrico dizia que quanto maior a carga nas placas, maior seria a velocidade da partícula.
Uma vez iniciado o experimento, aceleraram um elétron entre as placas que por fim atingiu uma velocidade de 99% da velocidade da luz (aplicando-se vários milhões de volts nas placas). A seguir, quadruplicaram a carga nas placas, esperando uma duplicação da velocidade do elétron (para quase duas vezes a velocidade da luz), segundo as leis vigentes. Mas para a surpresa geral, houve um pequeno aumento na velocidade do elétron, mas mantendo essa ainda abaixo da velocidade da luz.


Dezenas de experimentos semelhantes foram feitos ao redor do mundo tentando comprovar (ou refutar) os resultados obtidos neste, todos atingindo os mesmos resultados. Só havia uma conclusão possível: A lei dos movimentos dos corpos estava errada. Mais tarde, veio-se a descobrir que não estavam erradas, mas eram um caso particular da regra geral, para corpos que se movem a baixas velocidades.
Com a ajuda das teorias do Eletromagnetismo de Maxwell, que de forma simples diz que a velocidade da luz tem sempre um valor fixo (aquele de aproximadamente 300.000 km/s), Einstein concluiu que “a velocidade da luz tem o mesmo valor em todos os referenciais inerciais”. Mas o que é um referencial inercial? Aqui precisaremos de um breve esclarecimento teórico.


Quando nos movimentamos, a percepção dessa movimentação se dá apenas pela percepção de que de certa forma “o mundo anda para trás”. Como você saberia que está se movimentando se não houvesse nada ao seu redor que pudesse lhe dar a sensação de estar se afastando ou se aproximando? A Terra cruza o espaço ao redor do Sol a 1.800 km/h e nem por isso seus cabelos estão esvoaçantes. Não sentimos essa velocidade porque a atmosfera, as ruas, as casas e tudo o mais que nos rodeia vai junto conosco nessa viagem. Um referencial inercial é um ponto de vista que ou está parado, ou está com velocidade constante. Assim, eu estou parado (ou em repouso como dizemos em física), em relação ao referencial inercial da Terra. Ou eu e a Terra estamos nos movimentando com velocidade constante para o referencial inercial do Sol.


Unindo essa afirmação de Einstein a afirmação de Maxwell acerca da constância da velocidade da Luz, temos a teoria da relatividade restrita que pode nos proporcionar algumas situações de contra-senso interessantes. Uma delas é a utilizada por Einstein para explicar o funcionamento de sua nova teoria.
Imagine um referencial inercial numa mulher parada a beira de um trilho de trem, que observa um homem com uma lanterna no fundo de um vagão de trem aberto que se move com velocidade constante. O homem dispara um feixe de luz em direção à porta, na frente do vagão. Para o homem, o pulso de luz demorará um certo tempinho para atravessar o comprimento do vagão. No mesmo tempo que a luz demorou pra cruzar o vagão, lembrando que o trem se movimenta na mesma direção do feixe de luz, para a mulher, o feixe percorreu uma distância maior que para o homem. Para ela, a luz além de cruzar o vagão, também andou mais o pouco que o trem andou naquele intervalo de tempo. Como se fosse você correndo para frente, dentro de um vagão do metrô em movimento; alguém do lado de fora perceberia sua velocidade como sendo a velocidade da sua corrida somada à velocidade do metrô. Portanto, a velocidade do pulso teria de ser a velocidade da luz somada à velocidade do trem.


Mas a velocidade da luz é sempre constante. Então se o pulso demorou certo tempo idêntico para andar as duas distâncias, e a velocidade do pulso é a mesma, obrigatoriamente as duas distâncias têm que ser iguais! Mas como se elas são diferentes? A única solução possível para essa aparente contradição é a prevista pela teoria da relatividade, que a medida do espaço depende do referencial. Assim, para o homem, o trecho de espaço percorrido pela luz no referencial da mulher tem que sofrer uma contração para se igualar ao seu espaço próprio, ou o espaço percebido pelo homem se visto do ponto de vista da mulher deve sofrer uma expansão para se igualar ao dela.

Dessa forma, dá pra perceber (pra quem conseguiu entender essa maluquice) que não existe um espaço absoluto. Ele depende de quem está olhando, ou seja, a medida “um metro” é relativa (dai o nome relatividade). Depende de quem é o metro. Num raciocínio análogo pode-se provar que existe uma contração ou expansão no tempo, de acordo com a mudança do referencial.

Essa nova forma de encarar o espaço e o tempo traz profundas conseqüências em todas as áreas onde essas grandezas (espaço e tempo) estão envolvidas. Um caso particularmente interessante é o que acontece com a noção de Simultaneidade, mas isso é uma conversa pra outra ocasião."

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