segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Um conflito básico


Um pouco de trabalho interno, explicação prática de um conflito básico:

Estamos num constante processo cíclico de recriar emoções do passado no agora. Recriamos uma ferida da infância de forma inconsciente como uma tentativa de corrigir e de dominar essa ferida tão antiga. Só que como é de forma inconsciente, é inútil e frustrante - um controle totalmente ilusório. Isso é uma COMPULSÃO INCONSCIENTE de recriar as feridas infantis. 
A ferida mais básica, que está em TODOS nós é a de não receber um amor maduro. Mas ao mesmo tempo ansiamos e desejamos esse amor e ele nunca vem. Existe em nós um ressentimento profundo quanto a isso que nos impede de perdoar nossos pais. Isso gera um básico conflito: ansiamos um amor perfeito mas ao mesmo tempo ressentimos por não recebe-lo (com raiva mesmo! Muitas vezes uma raiva totalmente reprimida - o PRIMAL trabalha no nível dessa raiva).
Se constantemente nos deparamos com problemas e padrões repetidos hoje, pode ter certeza que é essa tendência absurdamente forte de recriar essa feriada na tentativa de corrigi-la está presente.
Procuramos nas nossas relações sentir isso de novo (essa dor), de forma compulsiva para remediar essa aflição infantil. Acreditamos que se querermos esse amor com mais força e urgência fará com que as pessoas que a gente se relaciona no presente vão (finalmente) ceder esse amor.
Mas na realidade o amor não vai vir por esse caminho. 

Não temos ideia de quanto o nosso subconsciente está preocupado com o processo de reencenar a peça na esperança que desta vez vai ser diferente. E nunca o é! A medida que o tempo passa, cada decepção pesa mais e sua alma fica mais desencorajada. 
As operações da mente subconsciente é munida de astúcia e percorre caminhos destrutivos e ilógicos. Se você aprender a olhar para os seus problemas e insatisfações desse ponto de vista e seguir o processo usual de permitir que as suas emoções venham à tona, você obterá muito mais visão interior.

A maioria das pessoas sente a dor mas desviam o olhar e preferem acreditar que ignorar vai faze-la desaparecer. Escolhem um tipo de alívio só porque seus conflitos se tornaram grandes demais. Como é importante um trabalho como esse de perceber que um conflito oculto a longo prazo causa tanto dano quanto um conflito aparente. 
Mas se ela está de verdade em um trabalho para descobrir essa dor, depois de algum tempo, ela não terá medo de descobrir suas verdadeiras emoções e sentirá que mesmo na dor vai perceber que esse sentir é saudável, traz crescimento, é livre de amargura, tensão, ansiedade e frustração.

Há também pessoas que toleram a dor sempre esperando que ela seja resolvida por uma causa externa. Essas pessoas estão de certa forma mais próximas da solução porque para elas vai ser mais fácil ver como o processo infantil ainda está em ação. O elemento externo será sempre um pai ou uma mãe, ou ambos, pelos quais elas foram feridas, projetadas agora em outras pessoas. Elas têm apenas que redirecionar a abordagem das suas dores.

Desviar esse olhar pode ser encarado como diversas coisas: pessoas negativas demais, que reclamam demais, que não buscam melhorar sua vida de vez, pessoas que se entregam a doenças ou a relacionamentos instáveis, vício em comida, drogas ou qualquer substância do tipo... Enfim, tudo acaba sendo motivo para FUGIR dessa dor que fica o tempo todo de nós latejando, chamando nossa atenção... Mas como já é difícil deixa-la quieta, nossa mente pensa: imagine se deixar ela sair? Vou enlouquecer!

Existe todo um processo para recriar essa dor e poder de verdade fazer com que esse conflito básico se encerre. 

O processo se dá:
Tome um problema presente. Tire dele todas as camadas das suas reações. A primeira camada é a racionalização (aquela parte que prova que outras pessoas ou situações são culpadas: não são os seus conflitos mais internos que fazem com que você adote a atitude errada face ao verdadeiro problema que o confronta. 
A próxima camada pode ser raiva, o ressentimento, a ansiedade, a frustração. Por trás de todas essas reações você vai encontrar a ferida de não ser amado.
Quando você experimentar a ferida de não ser amado no seu presente dilema, isso vai servir para abrir a ferida da infância.

É importante depois de experimentar todas essas emoções sincronizar o passado e o agora. Só assim a infância será deixada para trás e você começará a ter um novo padrão interno de comportamento que será infinitamente mais construtivo e compensador para você e para os outros.

# A simples avaliação intelectual não apresentará nenhum benefício.

Editado do livro Não temas o Mal.

Um comentário:

Editor disse...

A questão ai é outra. É dissolver o passado pois o mesmo apenas existe em nossos arquivos, mas de fato não é realidade, então por que continua a nos ferir? Por que mantemos nossa memória e essa é utilizada pelo nosso ego para reviver aquilo que não existe mais. Dizem que isso é experiência e discordo. Voltamos ao passado a fim de desejar no futuro e perdemos o presente e suas maravilhas.